sexta-feira, maio 26, 2006

6) CRISE NO PAÍS / Até em concursos

Sylvio Costa e Edson Sardinha Ofuscada pelas investigações sobre o mensalão e outras irregularidades no governo federal, a CPI do Tráfico de Armas funciona na Câmara dos Deputados desde 16 de março de 2005 de modo relativamente discreto. Só passou a merecer atenção pública depois que depoimentos prestados à comissão, em sessão reservada no último dia 10, suscitaram um inusitado caso de corrupção envolvendo dois advogados de criminosos ligados ao PCC e um funcionário terceirizado da Câmara, que vendeu por R$ 200 a gravação que deveria ter permanecido sob sigilo. Mas o fato é que a CPI acumula extraordinário volume de testemunhos, provas e indícios sobre a indústria do crime organizado no país. Das 67 reuniões que a comissão já realizou, merece destaque, por exemplo, a sessão ocorrida em 25 de agosto do ano passado. Embora tenha sido público, o encontro foi ignorado pela imprensa, à época integralmente dedicada à cobertura da denúncia do pagamento irregular a parlamentares da base governista e a seus desdobramentos. Naquela sessão, o delegado Celso Ferro, da Polícia Civil do Distrito Federal, descreveu em detalhes como são praticadas fraudes em concursos públicos que, segundo ele, têm permitido a pessoas desqualificadas - algumas delas, suspeitas de vinculação com organizações criminosas acusadas de promover o tráfico de armas e drogas - assumir posições estratégicas em órgãos policiais e judiciários do país. É o que o técnico judiciário e bacharel em Direito Hélio Garcia Ortiz, ouvido pela CPI no mesmo dia, chamou de "caminho das pedras".