quarta-feira, junho 28, 2006
9) RELIGIÃO / Direto de Roma
Importância da Festa do Divino Pai Eterno, segundo secretário-geral da CNBB
Dom Odilo Scherer fala ainda sobre eleições, Papa no Brasil e meios de comunicação
TRINDADE, terça-feira, 27 de junho de 2006 (ZENIT.org).- Atendendo um convite do Santuário do Divino Pai Eterno e da Arquidiocese de Goiânia, o bispo auxiliar de São Paulo e secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Odilo Pedro Scherer, esteve em Trindade, Estado de Goiás, nos dias 23 e 24 de junho, para participar da Festa do Divino Pai Eterno.
Ele celebrou o primeiro dia da novena noturna da Festa. Cerca de 4 mil pessoas participaram da celebração no Santuário do Divino Pai Eterno e centenas de telespectadores puderam acompanhá-la pela televisão Brasil Central e pela TV Aparecida. Nesse contexto, Dom Odilo concedeu entrevista sobre temas variados à assessoria de comunicação da Arquidiocese de Goiânia.
--Na opinião do senhor, qual é o significado da Festa de Trindade para a região Centro-Oeste e para o Brasil?
--Dom Odilo: A Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade, está claramente se espalhando por todo o Brasil. A importância dela não se limita só à região Centro-Oeste, mas já se estende para Minas, São Paulo, Mato Grosso e até para o Sul do País. Isto é significativo porque o Santuário do Divino Pai Eterno é dedicado a Deus Pai e à Santíssima Trindade. Embora todas as igrejas do mundo sejam dedicadas à glória de Deus, talvez através da memória de algum santo, de Nossa Senhora, dos apóstolos ou algum título de Jesus Cristo, são poucas aquelas que têm uma dedicação direta a Deus, Pai. Isto é muito bonito. Por outro lado, é bastante significativo porque esta devoção vai ao encontro do cerne da religiosidade, ao centro da nossa fé, que é a Trindade (Deus Pai, Filho e Espírito Santo). E Jesus Cristo nos revelou a Trindade Santa como a identidade de nosso Deus. Penso que esta festa terá uma importância cada vez maior para o povo brasileiro e para a nossa Igreja.
--Neste momento, o País inteiro está voltado para a Copa do Mundo e muita gente está se esquecendo da eleição, marcada para outubro. Que tipo de orientação a CNBB dá para os eleitores?
--Dom Odilo: A Copa do Mundo vai durar pouco. Depois vamos cair na realidade e nos voltarmos para a campanha eleitoral, que é muito importante para o Brasil. Gostaríamos que este ano eleitoral fosse positivo, diferente, no qual não se perdesse a oportunidade de repensar o Brasil e de dar um voto consciente. A CNBB está destacando duas coisas. Primeiramente, que a campanha eleitoral seja uma grande oportunidade para discutir o Brasil, para pensar e discutir sobre as grandes questões do País. Precisamos de um projeto para o Brasil. O povo deve observar os candidatos e ver o que eles têm a propor para o governo e o Congresso. A população precisa conhecer as idéias e as posições dos futuros dirigentes. A Campanha eleitoral não pode se restringir apenas às denúncias de corrupção. Precisamos conhecer os candidatos e saber quem tem melhores condições de governar o País e os Estados. O segundo ponto, é que o voto seja mesmo consciente, e que ninguém venda o voto. O voto não tem preço, mas ele tem conseqüências. A CNBB orienta que, nessa reflexão, o povo esteja atento para questionar os políticos quanto às suas propostas para a resolução dos problemas da miséria, da pobreza, da fome, do desemprego e da violência. Propostas vazias não resolvem, queremos propostas viáveis.
Pedimos também para que o povo não vote em um candidato que tem uma história de corrupção. Que não vote em uma pessoa que tem, atrás de si, uma trajetória de mau uso do dinheiro publico e do poder. O governante e o legislador devem estar sempre preocupados com o bem comum da sociedade. O povo deve denunciar os fatos de corrupção eleitoral, como a compras de votos, o abuso do poder econômico, o voto de cabresto. Hoje, temos leis que proíbem este tipo de atitude. Seria interessante realizar um estudo sobre a lei 9.840, contrária à corrupção eleitoral. É uma lei boa, que já cassou mais de 300 políticos do Brasil, justamente por fatos de corrupção eleitoral. Assim, pouco a pouco, melhoraremos a política brasileira.
--Qual a expectativa da CNBB para a visita do papa ao Brasil, em 2007?
--Dom Odilo: O papa prometeu vir ao Brasil durante a Conferência Geral do Episcopado da América Latina, que será realizada de 13 a 31 de maio de 2007, em Aparecida, São Paulo, junto ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Bento XVI vem ao Brasil para este grande encontro de bispos de toda a América Latina, que vão estar reunidos para discutir e refletir sobre a vida e atuação da Igreja na América Latina. Esperamos que ele tenha a possibilidade de visitar outras cidades brasileiras. Mas, mesmo se o papa não for a muitos lugares, sua visita não será menos importante. Esta visita é muito esperada.
--O senhor falou sobre os meios de comunicação. Na sua opinião, qual a
importância dos mesmos para a Igreja?
--Dom Odilo: Hoje, a comunicação é muito importante para a Igreja; o que não está na TV ou no rádio, parece que não existe, ou existe apenas para um grupo muito restrito. Graças a Deus, temos um instrumento de comunicação muito importante, que são os nossos púlpitos de nossas igrejas, onde o povo se reúne nos domingos; aí a Igreja se comunica com milhares e até milhões de pessoas diretamente. Nas comunidades, este é um meio direto de comunicação muito importante. Já o rádio, a televisão e a internet são meios importantes para a grande comunicação. São capazes de formar a opinião e a consciência pública e influir na cultura. Devemos utilizá-los, debater nossas idéias, dizer nossas convicções e quais as posições da Igreja Católica nestes meios. A CNBB sempre procura fazer isso. Precisamos estar informados, acompanhar e ouvir o que os bispos dizem nos meios de comunicação, para orientar o povo.
ZP06062715
TOP