Agência FAPESP - Se a genética brasileira começou no início da década de 1940, a partir do trabalho de pioneiros como Theodosius Dobzhansky, que veio da Rússia, Carlos Arnaldo Krug, do Instituto Agronômico de Campinas, Andre Dreyfus, da Universidade de São Paulo (USP), e Friedrich Gustav Brieger, alemão de nascimento que no Brasil se fixou na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, muitos dos pilares plantados por esse quarteto pioneiro ajudam a sustentar a genética nacional. Alguns deles estiveram juntos durante a 58ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada semana passada em Florianópolis. “Dobzhansky, naquela época, teve grande sucesso com seu trabalho. Apenas não ganhou o Prêmio Nobel por causa da bioquímica, que começou a chamar a atenção naquele mesmo período”, disse o professor emérito da USP Crodowaldo Pavan, um dos geneticistas formados naquela época e que será o próximo homenageado da Sociedade Brasileira de Genética, em setembro. Aos poucos, todos os membros da mesa entraram na conversa, que dispensou formalidades. Estiveram presentes, além de Pavan, Francisco Mauro Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Antonio Rodrigues Cordeiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Warwick Estevan Kerr, da Universidade Federal de Uberlândia, e Ernesto Paterniani, da USP de Piracicaba. Relataram experiências com os fundadores da genética, a ajuda fundamental das bolsas da Fundação Rockfeller, dos Estados Unidos, e o convívio sempre empolgante com os mestres estrangeiros. No caso específico de Salzano, ele também estava no time que iniciou a genética humana no Brasil. Paterniani escolheu outro caminho, o da genética de plantas. E, sobre isso, ele não se furtou de criticar o momento atual, quando determinadas tecnologias, como a dos transgênicos, são perseguidas sem critério, em sua opinião. “Hoje em dia, existem mais de 200 mil genes aprovados, obtidos a partir da técnica da mutagênese, que não precisam de nenhum tipo de legislação específica. No caso da transgênese, são cerca de 300 em testes. Todos precisam de leis específicas para poder ser usados”, afirmou. Na prática, segundo disse à Agência FAPESP, do ponto de vista científico, as duas técnicas são praticamente as mesmas. Ao ouvir a história da genética sendo transmitida pelos seus principais protagonistas, os espectadores da sessão saíram com a sensação de que a experiência, e a contextualização histórica, é sempre bem-vinda em qualquer tipo de discussão. Seja contra ou a favor de algum dos assuntos polêmicos que estejam em pauta.