sexta-feira, junho 23, 2006

1) POLÍTICA / Bronca de César Maia

EDIÇÃO ESPECIAL E EXCLUSIVA!
O EMBAIXADOR-AGENTE DO SNI QUE DENUNCIAVA, PRENDIA E COMPRAVA TRAIDORES!
Todos aqueles que lutaram por um regime democrático não podem ficar calados
frente a um fato gravíssimo que é um governo - de partido do qual participam
tantos que lutaram pela mesma causa, que foram presos e aviltados- indenizar e
promover um embaixador que se prestou aos papéis mais sórdidos no período
ditatorial. Tantos democratas que lutaram -pagando com sua saúde, sua vida, seu
futuro- se encontram hoje em atividades profissionais as mais diversas e em
partidos políticos distintos, em situações diferentes. Mas esse passado nos faz
convergir.
Sou daqueles que entende que anistia é anistia, e para todos os lados. Mas
indenizar um servidor público que em condição de mando ocultou sua identidade de
agente de espionagem e delação, na carreira diplomática, e agora
-inacreditavelmente- promovê-lo na aposentadoria, a embaixador da Guiné, como
prêmio especial e reparo do que fez, é inaceitável. É escandaloso. O próprio
processo que refez a decisão da comissão dirigida pelo embaixador Ricúpero, o
indenizou e lhe concedeu direitos, deveria ser revisto a bem da moralidade
pública e da integridade democrática.
Tive ocasião -uns poucos anos atrás- contar em artigo na imprensa (clique no
final), o que se fez na embaixada brasileira em Santiago cujos "porões” 
serviram para reunião preparatória dos golpistas no dia 7 de setembro, no
aniversário de nossa Pátria. A repercussão no Chile foi enorme. Aqui -a
investigação que pedi- não foi feita. E tudo em defesa da história do Itamaraty,
que orgulha a todos nós brasileiros como padrão de serviço público. Se este ato
for consumado, o Itamaraty estará sendo tão seviciado quanto foram os atingidos
pelas sevícias praticadas ou estimuladas pelo embaixador-agente. Não vou fazer
história para trás, sobre a segunda guerra mundial e as origens nazistas dele,
pois não posso transferir responsabilidades por gerações. Mas os arquivos
franceses podem contar. Mas não descarto que por educação ou por dna se possa
explicar muito.
As notas acima são encaminhadas para leitura dos senhores senadores e para o
próprio presidente da república e seu ministro de relações exteriores. Reflitam
e não maculem a democracia e a diplomacia, brasileiras. Não se pede revanche. De
forma alguma. Pede-se respeito. Respeito apenas.