Os professores Woodcock e Davis apresentaram, num pequeno livro, uma versão acessível da teoria da catástrofe de René Thom, que ganhou destaque há quase duas décadas atrás. Thom queria entender as razões de mudanças bruscas e aparentemente imprevisíveis. Para isso trocou a análise quantitativa pela qualitativa e a geometria pela topologia. A catástrofe é para ele uma transição descontínua, um salto de um estado ou curso, para outro. Mas pode ser perfeitamente previsível. Não há equação que descreva o movimento de uma folha seca caindo de uma árvore ( Há sim ) . Cada uma cairá descrevendo uma trajetória específica, que depende das condições do ar,da altura,... Mas todos nós podemos imaginar qualitativamente o movimento de uma folha seca caindo. É neste sentido que se dá a previsibilidade. Woodcock e Davis mostram as aplicações da teoria da catástrofe a política e a opinião pública. Exemplificam de forma ampla, da queda do império romano,(a mudanca sócio-econômica pela lógica da guerra e da expansão/sustentação do império), à primeira guerra mundial,( o cerco marítimo da Inglaterra levando a entrada dos EUA na guerra por razões econômicas) . O modelo com que trabalham tem duas variáveis ou como preferem,"fatores de controle": a participação/opinião popular e a capacidade de intervenção política central. Mostram que menor é a probabilidade de ruptura num quadro de menor intervenção explícita do poder central e maior base efetiva de sustentação. Os tempos de aparente normalidade são favoráveis ao establishment, pela sensação de insegurança que as mudanças produzem na opinião pública. O processo pode estar germinando o "ponto de ebulição" ,a catástrofe na linguagem de René Thom. A conjuntura brasileira deveria atrair os políticos a avaliar que águas correm por baixo das eleições. Mas por que as expectativas e os sinais ainda não apontam incertezas ? O que esta seqüência de fatos, aparentemente laterais -das medidas autoritárias que foram evitadas, ao mensalão, ao MLST- nos permite projetar ? As palavras de pouco servem. Fazem mais parte do ritual das eleições e da reatividade às pesquisas,que aparentam um porto seguro. Tudo em cima de um terremoto em gestação. Colem os ouvidos no chão. E ouçam !Todos os grifos são nossos!