terça-feira, junho 13, 2006

10) POLÍTICA / Teoria da catástrofe

Os professores Woodcock e Davis apresentaram, num pequeno livro, uma versão
acessível da teoria da catástrofe de René Thom, que ganhou destaque há quase
duas décadas atrás. Thom queria entender as razões de mudanças bruscas e
aparentemente imprevisíveis. Para isso trocou a análise quantitativa pela
qualitativa e a geometria pela topologia. A catástrofe é para ele uma transição
descontínua, um salto de um estado ou curso, para outro. Mas pode ser
perfeitamente previsível. Não há equação que descreva o movimento de uma folha
seca caindo de uma árvore ( Há sim ) . Cada uma cairá descrevendo uma trajetória específica,
que depende das condições do ar,da altura,... Mas todos nós podemos imaginar
qualitativamente o movimento de uma folha seca caindo.

É neste sentido que se dá a previsibilidade. Woodcock e Davis mostram as
aplicações da teoria da catástrofe a política e a opinião pública. Exemplificam
de forma ampla, da queda do império romano,(a mudanca sócio-econômica pela
lógica da guerra e da expansão/sustentação do império), à primeira guerra
mundial,( o cerco marítimo da Inglaterra levando a  entrada dos EUA na guerra
por razões econômicas) .

O modelo com que trabalham tem duas variáveis ou como preferem,"fatores de
controle": a participação/opinião popular e a capacidade de intervenção política
central. Mostram que menor é a probabilidade de ruptura num quadro de menor
intervenção explícita do poder central e maior base efetiva de sustentação. Os
tempos de aparente normalidade são favoráveis ao establishment, pela sensação de
insegurança que as mudanças produzem na opinião pública. O processo pode estar
germinando o "ponto de ebulição" ,a catástrofe na linguagem de René Thom.

A conjuntura brasileira deveria atrair os políticos a avaliar que águas correm
por baixo das eleições. Mas por que as expectativas e os sinais ainda não
apontam incertezas ? O que esta seqüência de fatos, aparentemente laterais -das
medidas autoritárias que foram evitadas, ao mensalão, ao MLST- nos permite
projetar ? As palavras de pouco servem. Fazem mais parte do ritual das eleições
e da reatividade às pesquisas,que aparentam um porto seguro. Tudo em cima de um
terremoto em gestação. Colem os ouvidos no chão. E ouçam !Todos os grifos são nossos!