Goiânia, 20 de junho de 2006.
Pessoas,
Com todo respeito ao trabalho da FETEG a proposta de denominar o espaço cênico no CINE OURO de Sala JÚLIO VILELA não é a sugestão mais acertada. E apoio totalmente a fala do Marcus Fidelis, um teatro não é o bastante, e o Cine Ouro é a realização símbolo do arbítrio e do descaso com o produtor, não seria ai que o nome do Júlio deveria estar. E para aqueles que já se esqueceram:
"Data: 13/10/2005 De: Júlio Vilela Assunto: Desrepeito à Cultura - isso é o que temos visto!!!! Nós, fazedores de arte e cultura de Goiânia, vimos por meio deste repudiar, mais uma vez, denunciar os atos ilegais e autoritários da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia em afronta à Justiça e à sociedade goianiense. Como integrantes de entidades representativas das categorias artísticas, não concordamos com a manobra mesquinha da Secretaria Municipal de Cultura, e, através da Federação de Teatro do Estado de Goiás, FETEG, entramos com um Mandado de Segurança na Justiça contra a Secretaria de Cultura, denunciando a ação perniciosa do Secretário Kleber Branquinho Adorno, que convocou de forma ilegal e obscura a 3ª Conferência Municipal de Cultura com o fim único de eleger seus apanigüados para o Conselho Municipal de Cultura. O Conselho Municipal de Cultura, CMC, tem um papel importante nos rumos da atividade cultural do município e entre suas atribuições está a de fiscalizar as ações da Secretaria o que tem desagradado sobremaneira ao secretário. A Justiça acolheu a denúncia e concedeu-nos liminar suspendendo a conferência ilegal. O secretário numa manobra rasteira desapareceu para não ser citado e ter que cumprir a sentença judicial, num flagrante desrespeito à Justiça e à sociedade. Realizou-se, apesar de sua ausência, uma conferência viciada, com tudo pré-determinado, como uma peça teatral de péssimo gosto. Nesse processo de desmonte das conquistas das categorias artísticas de Goiânia e na sua sede de poder para dar consecução aos seus projetos escusos, o secretário forçou funcionários comissionados e, como não tem o apoio de nenhuma entidade artística e seus associados, convocou outras entidades tais como: Associação dos Magistrados do Estado de Goiás, Associação das pensionistas de Cabos e Soldados da Polícia e Bombeiros Militares de Goiás, Associação Goiana de Imprensa, Comitê Democrático (?), Centro Espírita Eurípides Barsanulfo, Associação dos Moradores do Morro do Mendanha e UniGoiás Anhanguera instituição onde o secretário é, ou era, pró-reitor. Num flagrante desrespeito à sociedade e com total falta de bom senso, o secretário mobiliza pessoas e entidades totalmente alheias à cena cultural da cidade, colocando-as em um constrangimento desnecessário, na sua luta pelo poder total das ações da secretaria. Ele quer impedir a qualquer custo o olhar crítico da sociedade representada pelo Conselho Municipal de Cultura nas atividades da Secretaria. Não somos e não podemos ser contra a participação dessas ou de qualquer outra entidade e pessoas nas questões do município, isso é exercício de cidadania. Somos contra a utilização da boa fé e ingenuidade de pessoas e entidades para deter o olhar crítico e fiscalizador da sociedade representada hoje pelo Conselho Municipal de Cultura. Estamos trazendo essa denúncia à Justiça, aos meios de comunicação e à sociedade goianiense por entendermos que as velhas práticas oportunistas e autoritárias não cabem mais em nossa cidade. Goiânia não será mais palco para os desmandos de velhos coronéis da política e lembrem-se sempre: a cultura não tem dono. "
O Júlio era isso ai, um lutador!Um guerreiro em favor da cultura.E honrar sempre esse guerreiro é o que nos resta.
Beijos a todos(as),
Deolinda
Luto no humor O comediante Júlio Vilela morreu. Lembro-me de quando fui a primeira vez ao teatro, em Goiânia, e não pude entrar. Era final de 2001 e uma longa fila me deixara do lado de fora. Os comentários eram interessantes e o público falava da importância de ver aquela engraçada peça Jú Onze e 24.
Alguns diziam ter visto mais de uma vez, um show que durava 15 anos nesta cidade, um marco. Júlio Vilela trafegava pelas vias tortuosas do teatro de Martins Penna e Arthur Azevedo, à sua maneira. Figura fundamental no teatro goiano, apesar de procurar rir, em suas comédias de costumes, não se furtava de estar nas sérias primeiras fileiras das campanhas em defesa da arte e da cultura em nossa cidade. Paulista, foi mais um bandeirante que veio lutar pelo ouro encoberto da cultura goiana.
Robson Camargo Goiânia – GO
Pessoal,
desculpem mesmo a minha ausência, tá complicado para mim, inclusive viajo amanhã a noite e só volto dia 05/07...
mas tô de acordo com Fidelis... homenagear o Julio com um prêmio a altura do trampo dele e como seu nome Martim Cererê seria mesmo excelente.
Tem meu apoio.
Boa sorte a todos no seminário.
Rock sempre!
Fabrício Nobre
Norval,
O Paulo Vitória comentou, lá no seminário, sobre esse pedido.
Acho isso um equívoco: por uma causa justíssima, homenagear o Júlio, legitimar exatamente algo que ele combatia, a forma arbitrária de agir da atual administração.
É preciso ter clareza: o Júlio foi a pessoa determinante para que o teatro estivesse em peso naquela conferência municipal de cultura de triste memória. Ele continuou atuando decisivamente para o evento que fizemos no Martim Cererê e ainda, esteve inclusive nas reuniões com o advogado.
O que é o Cine Ouro:
1) O Doracino confirmou lá no seminário que foi feito com dinheiro do FAC, pelo qual lutamos e temos uma ação popular à espera da decisão do Juiz, com parecer a nosso favor do Ministério Público. Ora, esse era o movimento que o Júlio apoiava. Além disso, na Conferência Municipal de Cultura votamos que a prefeitura não deveria por dinheiro em imóveis particulares!
2) O espetáculo que vai inaugurar o mesmo lugar foi reprovado pela CPC. Numa decisão assombrosa e que considero ilegal, o Conselho Municipal de Cultura, imposto na pelo "voto de marmita", prática da República Velha com a qual o Getúlio Vargas acabou (levar a cédula preenchida de casa) e que a Secult revigorou depois de 50 anos, não só aprovou o projeto, como permitiu que mudassem o proponente ( que é a base para avaliação do projeto....).Ora, o Júlio concordava com a conferência que foi feita e com esse conselho?
A meu ver, colocar o nome dele para abrilhantar um espaço que é resultado de práticas que ele abominou não é homenagem, é insulto.
Coloco duas outras idéias, essas sim coerentes com o Júlio e sua clareza política;
1) A mudança do nome do Centro Cultura Martim Cererê para Centro Cultural Júlio Vilela. Lembro muito bem dele me contando como foi o show dele que manteve o espaço durante um bom tempo, quando estava completamente abandonado. Construiu até parte do palco! Quantos anos ele ficou ali? Lá sim era o espaço dele!
2)A criação de um prêmio Júlio Vilela, na mesma linha do que ele fez esses anos todos, no especial de fim de ano, mas homenageando as pessoas que se destacarem em algumas áreas de atividade, na defesa das causas com que ele se identificava: na luta contra a discriminação, pelo bom humor e na defesa da dignidade do artista. Não sei quem entregaria, nem quem votaria, mas seria das pessoas do meio cultural. Os homenageados seriam no Judiciário, Ministério Público, Legislativo, etc. Seria uma forma de todo ano mantermos a memória dele, que continuaria ajudando nas causas, ao incentivar as pessoas a defenderem essas bandeiras ( e outras com as quais ele se identificava e que eu não tenha mencionado).
Quanto ao Cine Ouro, o único nome que me parece adequado é Marcos Fayad. Mas esse não precisa do nosso apoio, né?
Abraço,
Marcus
Concordo em gênero, número e grau, homenagem serão feitas, mas por aqueles que estiveram de alguma forma, ligados a ele. O centro de cultura do Sr. Kleber ABORTO, deveria levar o seu santo nome, ou o de Moon Ha (Iris Resende), eles é que tem que receber essa justa homenagem, fazem na vida pública o que fazem na privada (literalmente)
Segue, para conhecimento, cópia do ofício enviado pela FETEG ao Secretário Municipal de Cultura pedindo seja prestada homenagem a Julio Vilela, nominando a sala de artes cênicas do "Goiânia Ouro" de JULIO VILELA...
Of. 017/2006 Goiânia, 05 de junho de 2006 Senhor Secretário,
A Federação de Teatro do Estado de Goiás – FETEG -, entidade representativa dos Fazedores de Teatro, devidamente registrada sob o no. 63, no 2º Cartório de Protesto e Registro de Títulos e Documentos de Goiânia, CNPJ 02.266.294/0001-23, através de sua diretoria executiva, vem mui respeitosamente à digna presença de V. Sa., SUGERIR e pedir providências cabíveis quanto a possibilidade de prestar uma homenagem ao ator e diretor de teatro “JULIO VILELA”, que faleceu na sexta feira passada, vítima de parada cardíaca, dando seu nome na sala de artes cênicas do Goiânia Ouro, com inauguração marcada para o dia 21. Esta homenagem será, sem dúvida, um reconhecimento do município de Goiânia, dos fazedores de cultura e sobretudo dos fazedores de teatro da nossa capital e estado pelo muito que o mesmo fez em vida pela área.
Esperando contar com a sensibilidade de V. Sa. Aproveitamos para antecipar agradecimentos.
Atenciosamente,
NORVAL BERBARI Presidente da FETEG Ilmo. Sr. KLEBER ADORNO DD. Secretário Municipal de Cultura NESTA