MosquiTRAP (à esq) e AtrAEDES, junto com um software, formam a armadilha contra o mosquito da dengue criada por pesquisadores da UFMG (foto: divulgação) |
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Agência FAPESP - A tecnologia declarou guerra contra a dengue. Um sistema criado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tem obtido sucesso no combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença. A novidade já foi exportada para Austrália, Alemanha, Cingapura, Panamá, França e Itália.
A solução é formada por três partes que, juntas, formam uma armadilha. A primeira, de nome MosquiTRAP, é um recipiente preto que abriga a segunda parte, o AtrAEDES, produto em forma de pastilha que libera um odor para atrair o mosquito. Ao entrar na armadilha, o inseto fica preso a um cartão adesivo e não consegue depositar ovos, impedindo a proliferação das larvas.
A quantidade de mosquitos capturados no cartão adesivo em determinado período é utilizada para identificar a concentração do inseto na região onde o sistema foi instalado. Utilizando um computador de mão, as informações são recolhidas por agentes de campo e transferidas para a terceira parte do sistema, o software MI-Dengue.
O programa gera uma série de mapas georrefenciados sobre a distribuição do Aedes aegypti. “Os dados são transmitidos pela internet para uma central de monitoramento que, semanalmente, gera relatórios sobre os locais mais infestados da cidade e que são os mais vulneráveis à ocorrência de uma epidemia”, disse à Agência FAPESP Álvaro Eduardo Eiras, coordenador do projeto e professor da UFMG.
O objetivo é fazer com que as informações coletadas na armadilha, desenvolvida no Laboratório de Culicídeos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), favoreçam a adoção de novas políticas de combate à doença pelas autoridades locais, evitando o surgimento de uma epidemia.
“Além de matar os mosquitos, o sistema detecta as áreas de maior risco para a tomada de ações mais eficazes. A participação da sociedade por meio de campanhas de conscientização continua sendo fundamental”, ressalta o biólogo.
No Brasil, a solução vem sendo aplicada em municípios como Manaus, Boa Vista, Fortaleza, Natal, Goiânia, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Blumenau. Com base nesses resultados, a equipe da UFMG está elaborando um documento que será enviado ao Ministério da Saúde. “Nossa intenção é aplicar as armadilhas nas cidades que mais sofrem com surtos de dengue”, afirma Eiras.
O sistema foi patenteado pela UFMG e licenciado pela empresa Ecovec, com sede em Belo Horizonte. “É uma tecnologia que ultrapassou as fronteiras da academia e está sendo utilizada em benefício da sociedade”, disse Eiras.
Mais informações: www.midengue.com.br ou alvaro@icb.ufmg.br.